Fazer Login

Mesa com diversos alimentos congelados organizados em embalagens transparentes sobre superfície de madeira

Vale a pena vender congelados? Saiba calcular sua margem

Será que vender alimentos congelados traz vantagens reais para quem deseja empreender? Por trás da praticidade e da fama de boa opção para iniciar no mercado de alimentação, estão decisões importantes, especialmente sobre custos e lucros. Desde que comecei a observar de perto esse universo, percebi que alimentos congelados podem ser, sim, uma escolha interessante, mas também pedem atenção em pontos que muita gente ignora no início. Entre erros e acertos, fui percebendo que a maior dúvida dos novos empreendedores quase sempre é: como fazer um cálculo de margem que retrate mesmo minha realidade, sem fantasias?

Vender congelados é unir praticidade, demanda crescente e alguns desafios silenciosos.

O que me faz pensar que congelados funcionam?

Antes de me aprofundar em contas, preciso dizer: toda escolha envolve contexto. Lembro de quando conheci uma senhora que, por dificuldades em manter a rotina do restaurante tradicional, decidiu migrar para a produção de congelados. Faturou mais, trabalhou menos, enxugou custos, mas também enfrentou dificuldades inesperadas. No começo, todo mundo acha que basta cozinhar, embalar e vender. Mas tem custos por trás, muitos deles escondidos ou difíceis de prever.

  • Os congelados oferecem durabilidade muito maior para insumos e produtos prontos.
  • Reduzem perdas por validade expirada.
  • Facilitam logística de entrega e venda sob demanda.
  • Atendem clientes que querem praticidade sem abrir mão de sabor.

Para mim, esses pontos já mostram vantagem real, principalmente para quem precisa combinar vendas com outro trabalho, por exemplo, ou não pode arriscar perder dinheiro com produtos mal aproveitados.

Quais são os principais desafios de quem vende congelados?

Nesse caminho, nem tudo são flores, e é importante não se enganar. No início, me iludi imaginando que o congelamento “resolveria tudo”, mas logo percebi alguns desafios:

  • Necessidade de equipamentos como freezers grandes e sistemas eficientes para conservação.
  • Energia elétrica cresce no orçamento mensal.
  • Cuidar da qualidade do alimento (textura, sabor e aparência) após descongelar exige receitas ajustadas.
  • Embalagens apropriadas têm custo maior e precisam ser realmente seguras.
  • Controle rígido de estoque: o giro é mais lento que em alguns outros modelos de venda.

No começo da jornada, vale considerar: quem não calcula esses fatores corre sério risco de errar a margem e, no fim, trabalhar sem ver retorno.

Que tipos de congelados vendem melhor?

Aqui entra um lado instintivo, quase como “palpite de quem vive o dia a dia”. Mas, para mim, alguns produtos sempre se destacam:

  • Pratos prontos individuais (como strogonoff, lasanha, escondidinho, etc.).
  • Porções para família (especialmente para finais de semana e datas comemorativas).
  • Massas, caldos, sopas e quiches.
  • Salgados para festa (coxinhas, quibes, esfihas, etc.).
  • Doces: bolos, pudins, brownies que suportam o congelamento.

Claro, tudo depende do que você faz bem, da sua reputação e dos hábitos locais. Em bairros residenciais, pratos prontos costumam sair rápidos, sobretudo entre famílias que querem variedade sem cozinhar tanto.

Pratos congelados variados em embalagens transparentes empilhadas

O cálculo da margem que ninguém me ensinou direito

Quando fui aprender sobre margem, me deparei com fórmulas prontas que pareciam simples demais. Só que, na prática, percebi que ignorar detalhes pode custar caro.

O básico é: pegue o preço de venda, subtraia todos os custos do produto, divida pela receita total e multiplique por 100 para achar a margem percentual. Mas, sinceramente, se você só somar ingredientes e embalagens, o resultado será enganoso.

Margem saudável considera cada centavo gasto, não só quanto custou cozinhar o prato!

O que colocar no cálculo da margem?

Aprendi a incluir, sempre:

  • Custo dos ingredientes (incluindo perdas: aquela carne que encolhe, o legumes que solta água, etc.).
  • Taxa de desperdício: uns 10% para ingredientes mais sensíveis.
  • Valor da embalagem (e algo a mais para etiquetas e lacres).
  • Energia elétrica (quanto mais freezer, maior a conta, calcule por produto, dividindo o consumo da conta no mês pela quantidade de itens congelados).
  • Gás ou outra fonte de energia para preparo.
  • Mão de obra (mesmo que você faça tudo, sempre calcule um valor/hora para seu trabalho).
  • Deslocamento: origem dos ingredientes até você e entregas ao cliente.
  • Impostos, taxas (até mesmo taxas bancárias de pagamentos via cartão).

Numa experiência recente, percebi que deixar de lado o custo da energia fez a diferença entre lucro e prejuízo ao longo do mês. É um detalhe fácil de subestimar, mas o freezer ligado direto não perdoa ninguém.

Como fazer a conta de maneira rápida?

Eu costumo montar a estrutura do cálculo assim:

  1. Some todos os seus custos diretos por unidade (ingrediente, embalagem, energia, mão de obra, desperdício e etc.).
  2. Defina o preço que você quer cobrar na venda (se possível, estudando preços parecidos no seu mercado local).
  3. Use a fórmula:

    Margem = [(Preço de Venda – Custo Total) ÷ Preço de Venda] x 100

Cuidado para não “se enganar para cima” ao estimar custos. Uma carne que parece render vinte porções, muitas vezes, vira só quinze depois de preparar e embalar tudo. O mesmo vale para molhos, massas, doces.

Exemplo prático de cálculo: escondidinho de carne

Vamos supor que você produza uma porção de escondidinho congelado:

  • Carne moída: R$ 20 (faz 4 porções, então R$ 5 por porção)
  • Batata: R$ 8 (faz 4 porções, então R$ 2 por porção)
  • Temperos: R$ 1 por porção
  • Embalagem: R$ 1,80 por porção
  • Energia elétrica estimada: R$ 0,80 por porção
  • Mão de obra: R$ 3 por porção
  • Deslocamento na compra dos ingredientes: R$ 0,50 por porção
  • Taxa de desperdício: R$ 0,30 por porção
  • Outros custos (etiqueta, lacre, saco): R$ 0,40 por porção

Total do custo unitário: R$ 14,80

Se você quiser vender cada porção por R$ 22,00:

Margem = [(22 – 14,80) ÷ 22] x 100 = 32,73%

Uma margem por volta de 30% é considerada saudável para congelados caseiros. Claro, se os custos puderem ser reduzidos ou o ticket médio for maior, esse número pode crescer. Mas, pela minha experiência, ficar abaixo de 25% já exige muita atenção, talvez rever processos ou aumentar preços.

Pessoa usando calculadora de margem de lucro em folha com receitas de alimentos

Como garantir uma boa margem ao longo do tempo?

Esse talvez seja o ponto mais delicado. No começo tudo parece sob controle, mas com o tempo o preço dos insumos muda, a energia aumenta, suas vendas podem oscilar. Minha dica, resultado de muito erro e retrabalho:

  • Atualize o cálculo a cada novo lote de compra: faça ajustes nos custos reais.
  • Monitore as perdas: anote tudo que estraga, quebra, é devolvido.
  • Procure fornecedores para diminuir custos sem perder qualidade.
  • Acompanhe o preço dos concorrentes de forma discreta, apenas para ajustar expectativas (mas sem tentar igualar preços a todo custo, cada realidade é única).
  • Faça promoções só quando sobra estoque perto do vencimento, nunca como rotina.
  • Valide o feedback do cliente sobre quantidade e qualidade, pois porções mal feitas geram mais devolução que lucro.

Uma vez me vi tentado a baixar o valor de venda para “girar mais rápido”, mas percebi que os custos estavam subindo silenciosamente, e isso quase acabou com meu lucro mensal. Preferi apostar em uma promoção pontual de combos, o que aumentou o ticket médio sem sacrificar tanto a margem.

Vale a pena começar do zero com congelados?

Se você está iniciando agora, talvez esteja se perguntando se esse modelo ainda faz sentido. Na minha experiência, vejo algumas vantagens especiais:

  • Permite começar pequeno, crescendo à medida que conquista clientes.
  • Pode ser tocado de casa, sem um ponto comercial no início.
  • Flexibilidade de horário: você produz no seu tempo, sem pressão de atendimento ao vivo.
  • Menos desperdício, já que tudo pode ser congelado por até três meses, dependendo do produto.
  • Facilita a criação de cardápio enxuto, de acordo com o que o público pede.

Mas, sinceramente, recomendo que você tenha gosto por organização e controle, pois a gestão dos congelados depende muito da disciplina com datas, estoques, registros e atendimento. O descuido pode lhe render prejuízos silenciosos e sucessivos.

Freezer aberto com estoques de congelados organizados em caixas

Conclusão: onde está o verdadeiro lucro?

No final das contas, acredito que vender congelados pode, sim, valer a pena, mas só para quem faz as contas honestas, controla cada centavo, investe em qualidade e não se acomoda.

Margem de lucro boa não nasce do acaso, mas do controle contínuo dos custos.

É um modelo mais seguro para quem ainda não pode se arriscar com grandes volumes ou prazos curtos de venda, mas só prospera quem enxerga o negócio como algo realmente profissional, sem espaço para improvisos ou “deixa pra amanhã”. Por mais tentador que pareça começar só cozinhando e embalando, o segredo está na régua rígida dos números.

“O congelador pode ser seu maior aliado ou seu maior vilão. Depende de como você faz as contas.”

Quem vende congelados com atenção à margem aprende rápido que a rentabilidade é construída dia após dia, sentido a cada ida ao mercado, a cada conta paga e a cada elogio (ou reclamação) do cliente. Vale a pena? Eu respondo que sim, mas não para quem espera retorno fácil. O mercado é bom, mas exige respeito aos detalhes – principalmente nas contas.

Compartilhe

Compartilhe

Artigos relacionados

Notícias

Divulgação em Troca de Serviços: A Nova Moeda do Mercado? Nos tempos modernos, é comum ver influenciadores digitais e celebridades sendo oferecidos produtos e serviços...

Notícias

Entenda como cozinhas compartilhadas podem reduzir custos, aumentar a escala e superar desafios operacionais para microempresas....

Notícias

Descubra como usar QR code para implementar autoatendimento em salões, melhorando o fluxo e a experiência do cliente....

Notícias

Aprenda como implementar a coleta seletiva na cozinha, reduzindo resíduos e melhorando a gestão sustentável do seu negócio....

Notícias

Estratégias para ampliar vendas no delivery de festas, otimizar logística e garantir experiência positiva aos clientes....